sábado, 19 de dezembro de 2020

 


Triste Natal. (18/12/2020)

 

Faltam poucos dias para se comemorar o nascimento do menino Deus.

É um Natal diferente de todos os que vivi em minha longa vida.

A melancolia paira no ar.

Não encontro mais aquele ar de festa que iluminava as ruas da cidade. Ela era sempre enfeitada com luzes coloridas e piscantes que por tabela inundavam nossos corações de esperanças de um mundo melhor. As músicas natalinas ecoavam dentro de cada casa comercial. Hoje já nem podemos quase sair de casa, quanto mais passear pelo comercio.

Em cada casa a alegria reinava e as crianças não viam a hora da chegada do bom velhinho o Papai Noel.

Hoje elas só conseguem um pouco do espírito do Natal através da telinha de um computador, celular, tabletes ou da TV.

A grande maioria das casas agora chora por algum ente querido que empreendeu a última viagem devido ao Corona Vírus.

Não é raro encontrar famílias que perderam várias pessoas em pouco espaço de tempo.

Este ano de 2020 que começou tão carregado de esperança, pregou uma peça no mundo inteiro e está chegando ao seu final como o pior ano do século.

Quero comemorar o nascimento de Cristo com o coração carregado de esperança por um mundo melhor e mais pacífico.

Peço ao Noel que traga de volta a esperança e a possibilidade de que eu possa no próximo ano abraçar e beijar as pessoas que amo.

Meus braços estão vazios de carinho.

Dentro do possível FELIZ NATAL a todos.

 

Maria (Nilza) de Campos Lepre.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

 




Onde se encontra a PAZ? (25/11/2020) 

Hoje despertei com uma sensação estranha de insegurança e impunidade.

Minha saliva parece fel de tão amarga está. Meu coração sangra, por ter que viver depois de tantos anos a insegurança dentro de minha própria casa, que mais parece uma prisão. Rodeada totalmente por cerca elétrica, sensores de presença em todas as portas que dão para fora. Isso sem falar nas câmeras de segurança e no monitoramento a distância.

Como é possível eu ainda me sentir insegura?

Os acontecimentos de ontem em Araraquara demonstram bem o porquê desta sensação. Como que 30 bandidos conseguem dominar uma cidade inteira? Deram um balão nos policiais da cidade que até o momento não conseguiram prender nenhum deles. Estamos ou não em guerra?

O que escutei ontem deitada em minha cama não foi a queima de fogos de artifícios, mas sim rajadas de metralhadoras disparando durante quase uma hora.

O mundo de hoje não é mais o mesmo do que quando nasci. Antigamente bandido ficava confinado nas prisões e somente lá existiam grades e cercas para que eles não saíssem. Hoje a situação se inverteu. Nossas casas se transformaram em prisões enquanto os bandidos que geralmente não ficam encarcerados, nos atacam, pois sabem que mesmo se forem presos logo estarão soltos.

Nossas leis servem de escarnio aos outros países. Aqui ninguém é punido, principalmente se pertencerem a alguns órgãos governamentais. Quando algum deles é condenado logo consegue a tornozeleira eletrônica para cumprir a pena em sua própria casa.

Nosso país está se transformando num grande salão de espetáculo para o mundo inteiro. Quando algum deles comenta algo sobre nós, nossos políticos ficam indignados e partem para a briga verbal.

A verdade dói muito para quem não quer enxergar, não é mesmo?

Tenho pensado muito em como chegamos a esse estado de coisas. Não há mais amor, respeito e nem mesmo hierarquia.

Filhos dominam os pais, alunos desrespeitam e até agridem professores, os mais velhos geralmente acabam em asilos ou casa de repouso. Onde se encontra o AMOR?

Isso se deve a deterioração da célula mater. da sociedade – A FAMÍLIA,

Na época em que nasci os avós eram tidos como os sábios da família. Depois vinham nossos pais que nos educavam e davam as direções certas de comportamento, mesmo que para isso recebêssemos alguns tapas na bunda, e alguns puxões de orelha, coisa que nunca achei errado.

Nunca saiamos de casa sem a benção de nossos pais e nem dormíamos sem ela. Ai de quem levantasse a voz para uma pessoa mais velha ou para seus próprios pais. O castigo era certo.

Nunca tinha ouvido a palavra bullying. Eu, meus irmãos e todos meus amigos tínhamos apelidos que usávamos durante uma briga, e nem por isso nos tornamos inimigos e nem tivemos traumas emocionais.

Eu por exemplo tive dois apelidos que me deixavam bravas, mas hoje vejo que realmente tinha razão de existir. Um era “A velha da vassoura”, isso porque eu era a mais velha e vigiava as ações dos mais novos e eles não gostavam disso. Outro era de Vaquinha holandesa, eu usava duas tranças e adorava ficar chupando cristais de sal grosso. Hoje vejo que não me causou nenhum mal.

Na escola tínhamos a Olivia palito, o Quatro olhos, o Baleia o Palito, o Girafa, o Boca mole, o Negão etc. Sempre fomos amigos e nenhum deles se transformou em bandido. Todos seguiram suas vidas e criaram suas próprias famílias.

Onde será que nossa família se decompôs?

Ela é o alicerce da sociedade, assim como a fundação bem feita é responsável pela estabilidade de nossas construções.

Precisamos pensar seriamente numa forma de restabelecer os laços da família, pois sem ela iremos ao CAOS.

Maria (Nilza) de Campos Lepre.


segunda-feira, 12 de outubro de 2020

          




Fotos antigas (26/05/2014) 

Hoje, ao ligar meu computador, fiquei a analisar os painéis de fotos que ficam em frente a ele, e na parede lateral do escritório.

Elas são um resumo de todas as pessoas queridas, que passaram ou ainda continuam em minha vida. São fotos de família.

Estranho, percebi só agora que as imagens estão esvanecendo. As coloridas estão quase sem cores e as em preto e branco estão amareladas e perdendo o contraste.

Fiquei longo tempo analisando, e descobri que assim como as fotos vão perdendo sua beleza, e seu colorido, nossas lembranças também vão se modificando através da passagem do tempo.

Tudo aquilo que nos magoou e decepcionou, acabam ficando sem importância. No final só ficam as lembranças boas, mesmo que um pouco apagadas.

Acredito que as cores de tudo que nos deu alegrias e felicidades acabam se renovando através de nossas lembranças.

Talvez por isso, nos tornamos mais sábios com o passar dos anos, pois aprendemos a dar valor somente às coisas, e as pessoas, que realmente são importantes em nossa vida.

Todo o resto colocamos no lixo ou simplesmente (deletamos) apagamos de nossa mente, sem ao menos darmos conta que assim o estamos fazendo.

Mesmo não estando mais com a mesma beleza de antes, gosto de olhar para os meus painéis. Acabo sempre matando as saudades de meus entes queridos que já fizeram a passagem, e gosto de rever a carinha feliz de meus filhos e netos quando ainda eram crianças. 

Maria (Nilza) de Campos Lepre . 

sábado, 10 de outubro de 2020

Bate papo com café:  FELIZDIA DAS CRIANÇAS. (9-10-2013) Naminha infâ...

Bate papo com café:  FELIZDIA DAS CRIANÇAS. (9-10-2013)

 Naminha infâ...
:   FELIZ DIA DAS CRIANÇAS. ( 9-10-2013)   Na minha infância, todos os dias eram das crianças. Levantávamos bem cedinho, assim que o dia r...

 

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS. (9-10-2013)



 

Na minha infância, todos os dias eram das crianças. Levantávamos bem cedinho, assim que o dia raiava. Nossos pais não deixavam que ficássemos perdendo tempo dormindo sem necessidade.

Nosso lanche da manhã lembrava mais um almoço. A mesa sempre tinha: pão fresquinho, queijos feito em casa, manteiga batida na hora, bolos e bolachas à vontade; geralmente tudo feito por nossa mãe ou por sua serviçal.

O leite e o pão eram deixados na porta de casa por carrocinhas de leiteiros e padeiros. Eles não continham nenhum conservante ou coisa parecida.

Logo ao levantar mamãe pegava o pão e o leite, que já se encontravam a porta da casa. Enquanto arrumava a mesa colocava o leite para ferver, matando assim qualquer bactéria que nele se encontrava.

Barriguinhas cheias e completamente descansados nós começávamos um novo dia. Nada mais, do que brincar e se divertir. Fazíamos uma pausa nas brincadeiras quando nossos pais nos chamavam para fazermos as tarefas escolares.

Passávamos horas a jogar bola. Às vezes subíamos e descíamos de árvores, para colher alguma fruta de estação, ou simplesmente pelo prazer das escaladas. Frequentávamos as casa de nossos amiguinhos como se fossem a nossa.

Éramos crianças alegres felizes e livres. Não havia preocupação com roubos, sequestros ou qualquer outra maldade.

A minha foi uma infância que desejaria que todas as crianças de hoje pudessem ter.

Foi um dos períodos mais felizes de minha vida.

Maria (Nilza) de Campos Lepre

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

 



Que saudade... Parece que foi ontem.

 

Hoje acordei nostálgica.

Ao preparar o café da manhã, comecei a recordar meus tempos de menina.

Retorno a época em que vivíamos na fazenda, este talvez tenha sido o melhor período de minha vida.

Meus dias eram repletos de brincadeiras, não tinha qualquer preocupação com o futuro. Acreditava que o mundo seria sempre colorido e feliz. Nada de ruim poderia jamais me atingir, sentia-me protegida ao lado de meus pais e irmãos.

Volta a minha memória, os antigos cafés de minha infância. Só então percebo o ridículo da situação. Não há termos de comparação com o que preparo hoje em dia.

Nosso lanche era feito por mamãe com muito desvelo. A mesa estava sempre coberta por uma toalha branca com barrados geralmente em xadrez, vermelho ou azul.

Esperando pela família. Na mesa, havia sempre queijo fresco, feito por ela, bolo de fubá, bolo de coco, ou de mandioca, era o que eu mais gostava. Em vidros de boca larga sempre havia vários tipos de bolachas, também feitas em casa. A manteiga era batida na hora pela serviçal, pão acabado de ser assado, e uma grande jarra com leite recentemente ordenhado.

Quando todos estavam acomodados em seus lugares, só aí ela trazia um grande bule com café acabado de ser coado. O odor que desprendia inundava toda cozinha era um aroma inebriante, e até agora continua presente em minha memória olfativa, e neste instante inunda meu ser de saudades.

Tenho que dizer, que os grãos de café eram torrados em casa, e muitas vezes esta tarefa era minha. Logo após serem torrados, os grãos eram passados por uma maquina tocada a mão onde eram moídos.

O odor daquela cozinha que ficou perdida no passado, o clima de tranquilidade, paz, harmonia, e do amor que pairava no ar naqueles dias felizes, chegam até mim como uma cascata. Jorra sem parar e inunda meu ser de uma paz divina.

As recordações não param de verter, e a saudade crava suas garras em meu coração, e sem que perceba, as lagrimas me veem aos olhos.

Hoje em dia, meu lanche da manhã é bem diferente.

Saio da cama apressada, pego o pacote de pó de café, comprado já moído e empacotado, coloco em uma máquina, e ai corro ao banheiro para fazer minha higiene pessoal.

Quando retorno ele já esta pronto.

Abro a geladeira, pego uma caixa de leite que já foi comprado ha dias. Coloco o em uma xícara, acrescento o café, e aí o esquento em um forno de micro ondas.

A minha frente, a mesa se encontra preparada, com duas toalhinhas americanas. No centro, um pão de forma, e uma caixa de queijo cremoso.

Raramente tenho tempo de saborear uma fruta ou mesmo um pedaço de bolo. São raras as vezes que me disponho a preparar algum. Como fico muito pouco em casa, as frutas acabam se estragando, por isso não as compro com frequência. Este é o meu café da manhã atual.

Só agora começo a questionar a vida de minha mãe.

Não deve ter sido nada fácil, cuidar de uma grande família, fazendo tudo com suas próprias mãos, e sempre conseguindo manter-nos unidos e felizes. Isso tudo, sem contar com a ajuda de nenhum recurso que hoje em dia temos, para aliviar nosso trabalho.

O tempo não retrocede, mas tudo que vivemos intensamente fica gravado em nosso ser para sempre.

Quando menos esperamos o passado retorna e geralmente nos deixa nostálgicos.

Esta minha volta ao passado me deixou com a sensação de que tudo se passou ha muito pouco tempo.

Deixou a impressão de que parece que foi ontem que tudo aconteceu.

Ah! A saudade machuca, mas quem consegue viver sem ela?

 

A autora Maria (Nilza) de Campos Lepre.

terça-feira, 22 de setembro de 2020

 


Uma italianinha chamada Giovannina.

Texto real, mas com nomes fictícios. 30/02/2017

Início de período letivo, estávamos no pátio quando adentrou um senhor vestido de uma forma peculiar. Usava calças de um brim muito encorpado e por cima umas botas de cano longo que chegavam até os joelhos. Eram tão ajustadas que pareciam comprimir as pernas. Na cintura um chicote longo enrolado preso ao cinto que era muito largo. A camisa feita também de brim só que menos encorpado. As mangas eram compridas. Na cabeça um chapéu que não lembrava em nada os usados pelos nossos colonos e vaqueiros; se assemelhava mais a chapéus usados por cowboys norte americanos. Pelas mãos trazia uma jovem extremamente branca, mas de lindos e negros cabelos muito lisos que contrastavam com sua brancura. Os olhos no momento assustados eram de um azul muito intenso e extremamente claro. Suas bochechas estavam tão vermelhas que pareciam duas maçãs presas em sua face.

Cruzaram o pátio apressadamente e rumaram para a diretoria.

Antes do toque do sinal de entrada a diretora apareceu e anunciou que acabávamos de ganhar uma nova colega. Ela era italiana e chamava-se Giovanina, quase não falava a nossa língua. Pediu que a recebêssemos com todo carinho.

Todos que estavam no pátio a aplaudiram de pé. Devido a sua idade foi colocada na mesma turma a qual eu pertencia.

Não demorou muito tempo e ela já havia se acostumado à maneira de estudarmos e começou a falar com mais desenvoltura o português.

Todo o dia seu pai, que depois fiquei sabendo havia comprado uma fazenda de criação de gados um pouco distante da cidade, a trazia e depois vinha pega-la no final das aulas com uma grande caminhonete último tipo no mercado.

Nós depois que ela adentrou o nosso grupinho particular a passamos a chamá-la simplesmente de Nina, coisa que ela amou.

Era uma garota totalmente fora dos padrões ao qual estávamos acostumadas. Seus sonhos diferentes dos nossos não era o de encontrar um príncipe encantado pelo qual se apaixonaria.

O sonho dela era somente o de se deitar o mais rápido possível com algum menino. Queria conhecer as delícias do sexo não aguentava esperar pelo cavalheiro que a levaria montada em um cavalo para um castelo distante.

Quando começávamos a falar sobre nossos planos para o futuro caia na risada e se afastava.

Apesar de ser completamente diferente nós a amávamos, pois fora estes sonhos malucos era uma pessoa carinhosa companheira e sempre alegre. Parecia amar a vida acima de tudo. Por qualquer motivo saia cantando e dançando, sem se importar em qual lugar se encontrava.

Todo final de semana seu pai a trazia para assistir a primeira seção do cinema. Ele e sua esposa assistiriam a segunda.

Ali nos encontrávamos e depois íamos para um bar vizinho a sala de espetáculos onde os jovens desta época se reuniam para sorver um refrigerante e degustar algumas batatinhas fritas. Ficávamos ali até o término da última seção. Aproveitávamos para colocar a novidade em dia e, também par flertar (paquerar, azarar) o garoto que achávamos atraente, ou que fazia nossos corações bater mais rapidamente.

Muitos namoros começaram desta forma e acabaram mais tarde em casamento.

Nina era sempre a mais animada da turma e se destacava principalmente por seu português carregado pelo sotaque italiano.

Pela sua beleza e pela forma de falar se tornava muito mais atraente para os meninos que a rodeavam. Isso dificultava a nossa vida, pois geralmente passavam a nos ignorar.

Os dias se passaram e nosso ano letivo estava chegando ao seu final. Nina começou a cabular aula. No principio ela assistia a primeira e depois sumia só voltando ao final. Um dia passou a não mais assinar presença e repetiu isto por alguns dias. 

Passado uma semana seu pai apareceu na escola e atravessou o pátio muito nervoso e se dirigiu a diretoria. Entrou pisando tão fortemente que seus passos poderiam ser ouvidos a distância.

De fora conseguíamos escutar a sua voz alterada falando com a diretora, mas não conseguíamos entender por que o português dele era mil vezes pior que o de Giovannina.

Como entrou saiu sem se despedir de ninguém.

Até hoje não sei o que aconteceu com aquela linda italianinha que havia conquistado nosso coração apesar de suas ideias loucas.

Como entrou em nossas vidas sumiu e até hoje me pergunto aonde andará aquela linda criatura?

 

Maria (Nilza) de Campos Lepre.