sábado, 24 de novembro de 2012

Sou louca?




 Há alguns dias, eu estava conversando com algumas pessoas de minha família, em frente de minha casa quando, resolvi dar a minha opinião sobre um assunto que estava sendo discutido no momento. Uma das pessoas do grupo me interpelou de forma agressiva e disse: - você é louca?
 Naquele instante foi como se um estilete tivesse atravessado a minha alma, pois a pessoa em questão me é muito querida, mas naquele instante nada me ocorreu como resposta. A conversa para mim acabou naquele momento. Pedi licença e me afastei dizendo que tinha uma coisa urgente a ser feita.
Acontece porem, que desde aquele instante, aquela pergunta ficou girando dentro de minha cabeça: - será que sou realmente louca?
Comecei a analisar tudo que fiz durante estes setenta e quatro anos de vida. Cheguei a conclusão que talvez ela tinha razão no que disse. Sou louca sim. Por amor acabei deixando de lado muitas coisas que eram importantes para mim.
Preferi ficar cuidando de meus filhos e tentar dar a eles e a meu marido o lar que eles mereciam. Passei a viver a vida deles, fazendo de tudo para que realizassem todos os sonhos que tinham para suas vidas. Isso sim talvez tenha sido uma grande loucura.
Uma vez ou outra, aquelas velhas aspirações subiam a tona, mas eu pensava que sempre haveria tempo para realizá-las.
Assim o tempo foi passando e elas acabaram se perdendo e deixando um enorme vazio em minha alma.
Eu deveria, quem sabe, ter sido egoísta e ter pensado mais em mim. Talvez assim não fosse chamada de louca acintosamente como fui. Ou talvez essa pessoa que hoje me chama assim, fosse ela a louca desta história.
Sabe acabei descobrindo depois de muita reflexão, que todos nós temos um pouco de loucura guardada bem lá no âmago de nosso ser, e assim passei a não mais me questionar a esse respeito.
Esse episódio já não mais me perturba. Depois de escrever o que estava sentindo, me sinto em paz, desligo o computador e vou dormir.
Boa noite a todos, um pouquinho de loucura não faz mal a ninguém. Bons sonhos. E boa loucura a todos.

A autora: Maria (Nilza) de Campos Lepre