A
velha árvore
Há
anos atrás, quando eu ainda era uma menininha, uma das formas que encontrava
para descansar entre as brincadeiras, era deitar-me em uma rede e ficar me
balançando de cá pra lá. Enquanto meu corpo descansava, meus olhos admiravam a
paisagem que se descortinava a minha frente. Gostava de ficar admirando uma
velha árvore, que restava só no meio do pasto da fazenda. Pela altura de seus
galhos e grossura de seu tronco deve ter sido um dia grande e frondosa. Agora
lembrava mais um esqueleto.
Em
contraste com o verde do pasto, seu tronco e seus galhos, tinham a cor marrom muito
escuro. Era uma figura assustadora. Seus galhos pareciam mãos descarnadas
pedindo por misericórdia.
Não
sei por que, mas aquela imagem me cativava de tal forma que passava horas
apenas observando, e sonhando como ela deveria ter sido. A sensação que eu
tinha era de abandono, tristeza, penúria, mas na época eu não conseguia definir
estes sentimentos.
Varias
vezes perguntei a meus pais o porquê dela permanecer ali. Acreditava que
deveriam arrancá-la, pois parecia estar morta. Eu queria acabar com o seu
sofrimento. Meu coraçãozinho se condoia acreditando que ela com seus galhos
direcionados para o céu estivessem pedindo socorro a Deus.
A
resposta que recebia era sempre a mesma: - Querida, ela não esta morta, esta
apenas descansando. Um dia ela retornará em todo seu esplendor.
Eu
não acreditava no que me diziam, mas não podia fazer nada para ajudar a velha
árvore, a não ser ir até ela e ficar conversando como se ela pudesse me
entender.
As
aulas começaram e eu tive que ficar na cidade para continuar meus estudos.
O
tempo passou e as férias chegaram. Voltei para a fazenda e um dia entre um
balanço e outro resolvi voltar a admirar a minha velha árvore. Que surpresa,
ela estava repleta de folhas renascera como meus pais haviam previsto. Era tão grande que o gado estava
todo amontoado a sua volta em busca de sua refrescante sombra.
Meu
coração se encheu de alegria e corri até ela para dar-lhe um abraço.
Esta
história de minha infância voltou aos meus pensamentos, porque atualmente estou
me sentindo como aquela velha árvore.
Meu
tronco esta seco, meus galhos pelados, minha alma dolorida. Só espero, que como
a velha árvore, logo eu possa renascer e voltar a fazer sombra para ajudar as
pessoas a quem amo.
Maria
(Nilza) de Campos Lepre – 8/02/2014
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