domingo, 9 de fevereiro de 2014

A velha árvore




A velha árvore

Há anos atrás, quando eu ainda era uma menininha, uma das formas que encontrava para descansar entre as brincadeiras, era deitar-me em uma rede e ficar me balançando de cá pra lá. Enquanto meu corpo descansava, meus olhos admiravam a paisagem que se descortinava a minha frente. Gostava de ficar admirando uma velha árvore, que restava só no meio do pasto da fazenda. Pela altura de seus galhos e grossura de seu tronco deve ter sido um dia grande e frondosa. Agora lembrava mais um esqueleto.
Em contraste com o verde do pasto, seu tronco e seus galhos, tinham a cor marrom muito escuro. Era uma figura assustadora. Seus galhos pareciam mãos descarnadas pedindo por misericórdia.
Não sei por que, mas aquela imagem me cativava de tal forma que passava horas apenas observando, e sonhando como ela deveria ter sido. A sensação que eu tinha era de abandono, tristeza, penúria, mas na época eu não conseguia definir estes sentimentos.
Varias vezes perguntei a meus pais o porquê dela permanecer ali. Acreditava que deveriam arrancá-la, pois parecia estar morta. Eu queria acabar com o seu sofrimento. Meu coraçãozinho se condoia acreditando que ela com seus galhos direcionados para o céu estivessem pedindo socorro a Deus.
A resposta que recebia era sempre a mesma: - Querida, ela não esta morta, esta apenas descansando. Um dia ela retornará em todo seu esplendor.
Eu não acreditava no que me diziam, mas não podia fazer nada para ajudar a velha árvore, a não ser ir até ela e ficar conversando como se ela pudesse me entender.
As aulas começaram e eu tive que ficar na cidade para continuar meus estudos.
O tempo passou e as férias chegaram. Voltei para a fazenda e um dia entre um balanço e outro resolvi voltar a admirar a minha velha árvore. Que surpresa, ela estava repleta de folhas renascera como meus pais haviam previsto.             Era tão grande que o gado estava todo amontoado a sua volta em busca de sua refrescante sombra.
Meu coração se encheu de alegria e corri até ela para dar-lhe um abraço.
Esta história de minha infância voltou aos meus pensamentos, porque atualmente estou me sentindo como aquela velha árvore.
Meu tronco esta seco, meus galhos pelados, minha alma dolorida. Só espero, que como a velha árvore, logo eu possa renascer e voltar a fazer sombra para ajudar as pessoas a quem amo.

Maria (Nilza) de Campos Lepre – 8/02/2014   

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