segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Tomada de consciência.

Tomada de consciência.

Ainda jovem, no começo da minha adolescência, comecei a questionar os valores desta vida. - Qual o propósito de minha existência? - O que realmente estou fazendo por aqui?
Jamais acreditei que meu papel neste mundo se resumia a obrigatoriedade de casar, ter filhos, e construir uma família. Isso tudo acreditava ser muito pouco para minha existência.
No começo, tentei desenvolver meus dons artísticos, para isso cursei a Escola de Belas Artes de Araraquara. Mas, quis o destino que eu me apaixonasse pelo diretor da mesma, e acabasse me casando com ele.
Eu era uma jovem de apenas dezenove anos, e meu marido, descendente direto de italianos, me convenceu que era mais importante me dedicar à criação dos filhos, e ao bem estar da família. Desta forma, todos os sonhos de minha juventude acabaram se perdendo no vazio. Acomodaram-se no passado, e apenas serviriam como boas recordações no futuro.
Tinha plena convicção, que todos nós temos papéis importantes a serem realizados neste plano espiritual. Mas, com o passar dos anos, os questionamentos começaram a diminuir, até se perderem completamente no vazio. Resolvi soltar minha embarcação para seguisse seu rumo ao sabor dos ventos, e das marés.
Com o transcorrer dos anos, meu marido deixava seu nome registrado nos anais da história desta linda cidade. Foram muitas as obras realizadas por ele. Elas contribuirão por muitos anos, na formação do povo araraquarense. Suas obras mais importantes foram: Biblioteca, Teatro Municipal, Teatro de Arena, Paço municipal, lindas praças, muitas escolas e postos de saúde, e muitas áreas de lazer.
Permaneci a sua sombra, achando que este era o meu papel nesta sociedade.
Como dizem, nada é por acaso, e um belo dia descobrimos que meu amado estava muito doente, e teria poucos anos de vida. Entrei em desespero, e para que isso não contaminasse meu marido, resolvi partir para o estudo da informática.
Inscrevi-me em uma escola, e comecei a aprender os rudimentos desta máquina, pela qual acabaria me apaixonando. Depois de começar a dominar os seus programas e as possibilidades que ela oferecia, comecei a escrever tudo que sentia que sonhava e que havia vivido até então.
Ao ver o desanimo começando a tomar conta de meu marido, resolvi passar para o papel a historia de sua vida e de sua família.
Pretendia deixar gravado para a posteridade tudo que este grande homem havia feito por esta terra a qual amava profundamente.
No começo ele não aceitou prontamente a idéia, tive que usar de muitas formas para que aceitasse o meu projeto. Com o passar do tempo, acabou sendo meu melhor colaborador.
No dia 6 de Outubro de 2001, foi lançado em uma noite de autógrafos, no Hotel Municipal de Araraquara o livro “Um homem e suas realizações”.
Nascia neste dia o meu ingresso no mundo das letras. Ainda se passariam alguns anos até que eu tivesse a coragem de novamente levar ao mercado outro livro.
Minha surpresa foi enorme, ao constatar que as pessoas apreciavam o meu modo de escrever. Com o incentivo de meus netos, filhos e amigos; resolvi começar a escrever novas histórias. Atualmente estou com quatro livros editados, um sendo impresso, e dois livrinhos de histórias infantis quase prontos. Tive participação em duas antologias: “Mulheres da Floresta”, e “Varal Antológico 3”.
Apesar de ter ingressado neste mundo ao qual amo de paixão, depois de ter ultrapassado os 60 anos de idade, peço a Deus que me de mais alguns anos, para que possa criar novas histórias, e ter a oportunidade de relatar experiências que vivi, e com as quais aprendi muito.
Sinto-me feliz, por não ter simplesmente passado por este mundo. Agradeço a Deus pela oportunidade que estou tendo, de deixar meu nome gravado para a posteridade.
Sei que esse testemunho é verdadeiro, pois se num futuro distante, apenas uma única pessoa se dispuser a pegar um de meus livros, e ler algumas de suas paginas, saberá que eu estive por aqui, e que de alguma forma vivi e sonhei da mesma forma que ele vive e sonha agora.
Escrevo sem grandes pretensões, só desejo registrar um pedaço da história da época em que por aqui vivi, e passar um pouco de minhas experiências.

Maria (Nilza) de Campos Lepre - 2013

Um comentário:

  1. Nunca é tarde para começar um grande projeto, desde que se acredite piamente na ideia e se ganhe coragem de colocar em prática sua execução.

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