Tomada
de consciência.
Ainda jovem, no começo da minha
adolescência, comecei a questionar os valores desta vida. - Qual o propósito de
minha existência? - O que realmente estou fazendo por aqui?
Jamais acreditei que meu papel neste
mundo se resumia a obrigatoriedade de casar, ter filhos, e construir uma
família. Isso tudo acreditava ser muito pouco para minha existência.
No começo, tentei desenvolver meus dons
artísticos, para isso cursei a Escola de Belas Artes de Araraquara. Mas, quis o
destino que eu me apaixonasse pelo diretor da mesma, e acabasse me casando com
ele.
Eu era uma jovem de apenas dezenove
anos, e meu marido, descendente direto de italianos, me convenceu que era mais
importante me dedicar à criação dos filhos, e ao bem estar da família. Desta
forma, todos os sonhos de minha juventude acabaram se perdendo no vazio.
Acomodaram-se no passado, e apenas serviriam como boas recordações no futuro.
Tinha plena convicção, que todos nós
temos papéis importantes a serem realizados neste plano espiritual. Mas, com o
passar dos anos, os questionamentos começaram a diminuir, até se perderem
completamente no vazio. Resolvi soltar minha embarcação para seguisse seu rumo
ao sabor dos ventos, e das marés.
Com o transcorrer dos anos, meu marido deixava
seu nome registrado nos anais da história desta linda cidade. Foram muitas as
obras realizadas por ele. Elas contribuirão por muitos anos, na formação do
povo araraquarense. Suas obras mais importantes foram: Biblioteca, Teatro
Municipal, Teatro de Arena, Paço municipal, lindas praças, muitas escolas e
postos de saúde, e muitas áreas de lazer.
Permaneci a sua sombra, achando que este
era o meu papel nesta sociedade.
Como dizem, nada é por acaso, e um belo
dia descobrimos que meu amado estava muito doente, e teria poucos anos de vida.
Entrei em desespero, e para que isso não contaminasse meu marido, resolvi
partir para o estudo da informática.
Inscrevi-me em uma escola, e comecei a
aprender os rudimentos desta máquina, pela qual acabaria me apaixonando. Depois
de começar a dominar os seus programas e as possibilidades que ela oferecia,
comecei a escrever tudo que sentia que sonhava e que havia vivido até então.
Ao ver o desanimo começando a tomar conta
de meu marido, resolvi passar para o papel a historia de sua vida e de sua
família.
Pretendia deixar gravado para a
posteridade tudo que este grande homem havia feito por esta terra a qual amava
profundamente.
No começo ele não aceitou prontamente a
idéia, tive que usar de muitas formas para que aceitasse o meu projeto. Com o
passar do tempo, acabou sendo meu melhor colaborador.
No dia 6 de Outubro de 2001, foi lançado
em uma noite de autógrafos, no Hotel Municipal de Araraquara o livro “Um homem
e suas realizações”.
Nascia neste dia o meu ingresso no mundo
das letras. Ainda se passariam alguns anos até que eu tivesse a coragem de novamente
levar ao mercado outro livro.
Minha surpresa foi enorme, ao constatar
que as pessoas apreciavam o meu modo de escrever. Com o incentivo de meus
netos, filhos e amigos; resolvi começar a escrever novas histórias. Atualmente
estou com quatro livros editados, um sendo impresso, e dois livrinhos de
histórias infantis quase prontos. Tive participação em duas antologias:
“Mulheres da Floresta”, e “Varal Antológico 3”.
Apesar de ter ingressado neste mundo ao
qual amo de paixão, depois de ter ultrapassado os 60 anos de idade, peço a Deus
que me de mais alguns anos, para que possa criar novas histórias, e ter a
oportunidade de relatar experiências que vivi, e com as quais aprendi muito.
Sinto-me feliz, por não ter simplesmente
passado por este mundo. Agradeço a Deus pela oportunidade que estou tendo, de
deixar meu nome gravado para a posteridade.
Sei que esse testemunho é verdadeiro,
pois se num futuro distante, apenas uma única pessoa se dispuser a pegar um de
meus livros, e ler algumas de suas paginas, saberá que eu estive por aqui, e
que de alguma forma vivi e sonhei da mesma forma que ele vive e sonha agora.
Escrevo sem grandes pretensões, só
desejo registrar um pedaço da história da época em que por aqui vivi, e passar
um pouco de minhas experiências.
Maria
(Nilza) de Campos Lepre - 2013