Uma velha mulher.
Parada
frente ao espelho a velha senhora se contempla.
Não
consegue ver a figura alquebrada, envelhecida e carregada de rugas, vê somente
aquela que ainda habita dentro de si. Uma linda jovem carregada de alegrias e
esperanças. O frescor da juventude irradia por todos os poros de seu corpo.
Alisa
com cuidado seus cabelos brancos, mas, acreditando que ainda sejam castanhos.
Abre o pó-compacto e vagarosamente o aplica por toda face.
Olha
novamente para a figura refletida, e percebe que se esqueceu de colorir os
lábios. Abre novamente a gavetinha da penteadeira e escolhe demoradamente o
batom que mais a atrai.
O
ritual diário terminado observa novamente a sua figura e aprova o resultado.
Vai
até a sala, pega um livro e se dirige para a área na frente de sua casa.
Senta-se em uma cadeira estrategicamente colocada, para que possa apreciar o
movimento dos carros e dos pedestres.
Vez
por outra uma pessoa amiga para frente ao portão para um dedo de prosa.
A
velha senhora se sente muito feliz, pois já cumpriu sua missão, casou-se,
formou uma família, criou seus filhos e ajudou a criar os netos.
Agora
só lhe resta amar a si mesma e desfrutar das atenções de amigos que passam ou
algumas vezes a visitam. Mesmo sendo esquecida por muito tempo por sua família,
ela traz a alegria dentro de si, pois consegue sentir-se como se ainda fosse
aquela linda adolescente cheia de vida, sonhos e esperanças no futuro. Ela se
ama não importando para o que os outros pensem dela.
Isto
é saber viver. Isto é ser mulher.
Maria
(Nilza) de Campos Lepre – 08/03/2015